REFORMA CASAS UNIFAMILIARES

bairros populares
Curiosamente, grande parte das moradias periféricas atendidas ocupa grandes áreas, às vezes com mais de 200m², ocupando quase todo o lote. A maioria delas é o resultado do aumento contínuo de cômodos ao longo do tempo. A moradia acaba sendo um processo contínuo de construir, demolir, experimentar. Muitas das casas permanecem inacabadas por anos, por causa das mudanças constantes nos hábitos e na estrutura da família.

Os moradores, por estarem bastante habituados com seu local de morada, conseguem, com relativa autonomia, melhorar os espaços, tornando-os mais agradáveis e funcionais.  Às vezes, porém, se sentem incomodados e notam que mudanças são necessárias, ainda que não consigam com clareza visualizar alternativas possíveis. Como não estão habituados a contratar arquitetos ou engenheiros e ainda lhes falta informação, lidam eles próprios com essas demandas, obtendo muitas vezes boas soluções e em outras vezes situações ainda mais problemáticas.  Alguns cômodos permanecem mal iluminados, abafados ou pequenos demais para os hábitos da família.

Esse tipo de construção apresenta quase sempre os mesmos defeitos construtivos, ligados a problemas de drenagem e condução da água da chuva. Vimos, em todos os casos, muita umidade acumulada na base das paredes externas, infiltrações diversas, pisos cedendo por causa do curso das águas superficiais, ausência de pingadeiras e peitoris e solos mal compactados. Em vários casos, as fundações acabam ficando comprometidas e já não podemos confiar que suportarão novas cargas futuras.

Os moradores se acostumaram com a abundância de áreas construídas cobertas. Por essa razão, dificilmente abrem mão delas em prol de áreas livres, que possibilitariam melhorias na iluminação e na ventilação naturais. Curiosamente, garantir iluminação natural não é uma grande preocupação por parte dos moradores.

 

bairros médios
Ao contrário das residências populares, essas moradias não estão sujeitas a modificações tão constantes. Algumas delas até foram projetadas por arquitetos ou engenheiros, porém as demandas emergentes não conseguem ser sanadas por arquitetos por meio de um atendimento convencional. A construção de pequenos acréscimos, a troca de materiais de acabamento e o conserto de infiltrações são serviços de pequeno porte, insuficientemente rentáveis para a grande parte dos escritórios de arquitetura. De um lado, arquitetos não sabem como cobrar por serviços dessa natureza e de outro lado, clientes permanecem sem apoio técnico para resolver essas questões.

A maioria dessas moradias segue um mesmo tipo construtivo: em um único pavimento, ocupando a porção central dos terrenos. Nas laterais sobram apenas os afastamentos mínimos previstos na Lei de Uso e Ocupação do Solo. Curiosamente, os defeitos construtivos mais recorrentes são semelhantes às encontradas nas residências periféricas.

Em alguns casos, as moradias foram recentemente adquiridas e necessitam de adequações condizentes com os hábitos da nova família que lá irá viver. Em outros, mudanças na estrutura da família demandam diretamente mudanças na moradia, o acréscimo de mais quartos e banheiros e o aumento na quantidade de vagas de estacionamento, por exemplo.

 

aglomerados
Os atendimentos realizados nos aglomerados aconteceram todos no contexto da disciplina de PFlex Cirurgia de Casas, nos quais não houve cobrança nos atendimentos.

Nos aglomerados, as moradias têm grandes áreas, porém ocupam pouco dos terrenos. Há, portanto, mais de um pavimento e uma complexa articulação de espaços internos, tanto na vertical quando horizontalmente, fruto da construção não planejada e irrefletida de ambientes ao longo do tempo. Há situações de autoprodução, porém a maioria se trata de moradias autoconstruídas. Os moradores conseguem por sua conta criar complexas articulações internas e, na maioria das vezes, obter espaços agradáveis, bem ventilados e com ótima vista. O papel dos alunos, nesses casos, foi muito mais de informar os moradores quanto a outras possibilidades existentes de articulação interna, com base no que já havia sido feito antes, e quanto à solução de defeitos construtivos existentes, como infiltrações e o excesso de umidade, bem como a prevenção de incômodos futuros.

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